{ quem somos }
. . .
quem somos, quem fomos
"viver é ver as bobagens que a gente fez até o dia de ontem"
gr
amadurecido no meio, no tempo, nos costumes e pelo acaso
tento pensar o que posso e quero como consigo
com a idade, sem mais culpas
na bobeira de achar que estou menos bobo
sou o que fiquei pelo que não tive
ciente do que não pude fazer
satisfeito com o que fiz
vejo os espertos de sempre:
insistindo para que pensemos como eles
por vividas desilusões me convenci que:
o que se precisa saber é saber o que não se precisa
cansado de me atualizar, sem compromisso com novidades
me empenho em me entender para definir o que vi
nenhum engajamento me encanta
ponto de vista é graça
eu, paulo romeu pereira bissoli, filho de romeu julieta bissoli e
maria da luz pereira bissoli, gente boa da noroeste paulista,
com sorte nasci em poços de caldas em abril de 53
numa grande, velha e bela casa, hoje tombada
na vila crúis; sô 'frexêro' de papo amarelo
no quintal, 23 espécies de frutas, contamos eu e a mãe
nos fundos, mata fechada com miles e trocentos hectares
poços de caldas poderia ser uma cidade rica
não fosse uma estatal estadual e uns gringos sacanas
o que saquearam aqui, não pouco, foi pra bh e montreal
a estrada de ferro mogiana
que acalentou, amamentou e criou a cidade
foi assassinada pela mercedes, a volkswagem, a alcoa,
'us minêru isperrtu' e os 'governantes' míopes e ignorantes
tem história aí que mineiro não quer saber, nem ligar as coisas
a fama de fazer bons queijos lhes bastam ... e podiam ser melhores !!!
...
'funciono' com email,
o mesmo há 28 anos: promeu@myzoom.com.br
hoje com o tel 35 99872 0972 só whatsapp
na rua josé tolentino 15 em poços
sempre me interessei pelo funcionamento das coisas
e o comportamento de todas as formas de vida
o planeta com 2,5 bilhões em que nasci, agora tem 8
era como se um fusca com 2 adultos e uma criança
onde ora se apertam 8 indivíduos em encrencas,
ganâncias, lixo, ilusões, crenças e doenças
religiões e economia gerenciam os rebanhos e o mercado
outros os territórios; a eles interessam o crescimento
espaço-tempo: mania de achar que se pode saber
quanto mais longe se vê, maiores as suposições, só isso
se mais antigo um objeto, mais chancelas de datas e validade
o conhecimento humano se perde em catalogações
e a sabedoria definha
usei régua de madeira na escola
vi chegar a 'matéria plástica'
e as canetas esferográficas
viajei em maria fumaça
de bicicleta também
banhos de bacia
infância e adolescência 'normais', nas faltas e excessos
a irmã mais velha era secretária da escola primária
depois foi a diretora do ginásio: pensa bem (!)
lembro melhor agora, não me foi fácil
melhores lembranças da escola são as férias
a mata, facas, estilingues e espingardas
andava no campo, ia bem longe
fazia cirquinho com os amigos em nossos quintais
inventávamos e evoluíamos nossos brinquedos
fogueirinhas na rua à noite para conversar
daí vem minha mania de fazer tudo sozinho
com estratégias de convivência confusas
dos 8 aos 10 anos me alistei como coroinha
achava bonita a solenidade da missa, concentrações,
decorar respostas em latim, acender velas, tocar campainha,
aparar patena para conhecidos e familiares e parecer muito sério
as becas sempre sujas, mofadas e fedidas
as freiras só lavavam os paramentos do padre
mas, o principal e verdadeiro sentido da coisa:
ajudar missa na roça nos fins de semana
era um pitoresco passeio de jipe
e o almoção dado ao padre
aos 12 fui para o seminário dos americanos
experiência fundamental pra vida toda
tinha os riquinhos chics e afetados
e tantos pobrezinhos iludidos
vi e vivi a vida de mosteiro
afazeres regidos a sino
disciplina, aprendi mais do que esperava
lá estudei, mas não era minha praia
ambiente barra pesada
mas saí inteiro
fingimento e representações não se diluem em mim
pois abandonei carolices, doutrinas e lero-leros
parênteses: em 93 encontrei no rio um colega de lá
dos mais velhos, que me contou tudo que não vi
horrores e perversidades daqueles santos
3 padres 'bonzinhos' da pior espécie
atrevidamente precipitei o resto: saí de casa aos 16 1/2
poços aplaudia a ditadura, valia mais quem passasse os outros pra trás
época de expansividades patrióticas, 'integração nacional',
o medo de sumir, 'pra frente brasil', ame-o ou deixe-o,
um frávio cavalcanti, canalha puxa-saco de generais,
aliciava o país, 'a cores, via embratel'
na minha sala de eletrotécnica tinha 29 homens
que só esperavam uma boquinha na alcoa
era o único assunto na cidade
mal sabendo fazer fotografia fui sem base ou garantia
pois não conseguia me harmonizar nas escolas
interessado por tudo, não me aplicava
sempre sentei perto de janelas
tenho facilidade para escrever o que for
faço contas rápido se ouço números
a regra de três é minha parceira
a relatividade em cristal
caipira, procurando me informar, li o que me caiu às mãos
sem cultura cultivada, li muita porcaria recomendada
gosto de história geral, natural, de boas histórias, ciência, aves e aviação
encho uma mochilinha de conhecimento bagunçado
a desorganização me acompanha, assumo e vivo
entre sins e nãos, aproveito os dois, tudo vale
. . . . . .
fiz este site em 96 para ser 'meu lojinha'
divulgar meus trabalhos da hora
uma vitrine de curiosidades
e falar sobre o que via
meu phei sibuki
por comentários de amigos
achei e tomei gosto de me entender
"no espelho da visão está a segurança da verdade"
do código visigótico - teodorico - séc V
se 3 ou 4 se interessam, já me vale a pena
reformado em 2005 serviu até hoje
logo desmonto, também cansa
aqui, 'pelos finalmente'
...
fundamos a my zoom fotografias ltda em 1990
eu e um colega mais interessado, o incitador
que se mancou e saiu em um ano; paguei
o nome é referência às minhas tentativas
tive muitas propostas na vida
e dois sócios acomodados
só agora pude ver
o tempo acaba evidenciando
quem são os que se aproximam
que nos envolvem, que nos 'ganham'
em 2014, na jucerja, 'garfaram' o nome que inventei
disseram que já existia, insisti que era eu mesmo
2x a mesma resposta, sem outras explicações
fui vendido e comprado, sumiu a my zoom
meu contador não foi lá ver o porquê
e eu nem seria atendido se fosse
6 meses sem poder emitir nfs
ainda tive que dar 500 reau
pro fiscal me entregar o novo alvará
que estava pronto na gaveta, ou nunca estaria
é kafkaniano:
quem precisa de fato dos serviços oficiais, tem que pagar
e, pra todos os efeitos, se visto, é o único culpado
servidores somos nós ... que os mantemos
pois, encalhei, cansei, desanimei e parei
a my zoom está à deriva desde 2015
"o governo não é a solução para nossos problemas.
o governo é o problema ! " r. reagan 1982
" . . . isso é jogo 'robado ! " n. nahas 1989
ao menos mantive o domínio do site
. . .
vou falar do mundo que vejo e como fiquei pelo que vi
mas lembro antes que gosto e me emociono
com gente boa, bichos e crianças
minhas broncas: os protocolos da hipocrisia
estamos chegando na era do cinismo puro
mudanças em ressignificações capciosas
numa praga de 'maquiorwéllicos'
(também invento)
gente que pouco produz
e só atrapalha a vida dos outros
espécie que aumenta e incomoda
tantos ecocôlogistas e ambientalistas xiitas
dissimulando seu consumo e dejetos
cagando regras
ouvem o galo cantar e não sabem onde
vendo uma paisagem-ruína, mexida e estuprada,
plantações da cargill ornadas de brachiária da monsanto,
alardeiam sonsamente: 'olhem que belo verde tem a natureza !'
a embrapa ensina a matar o capim gordura, vi no site, é o cúmulo
estamos comendo pizza sem gosto e sem cheiro
minto, hoje cheiram a orégano, só
quem não conheceu muzzarella até 1970
não sabe como as pizzas eram nem do que falo
mas não querem saber o que o google earth mostra
viram os olhos à sujeira e depredação, à pobreza,
à ganância e ao crescimento populacional
maldades tem nomes modernos: 'qualidade de vida' é o mais nojento
novas regras infectadas e nauseantes termos 'adequados'
o comércio de água, suas marcas e embalagens irônicas
são abusos aceitos por quem faz auê por canudinhos
'bem estar' é nome da seção de psicotrópicos nas dez milhões de farmácias
veneno brabo era agrotóxico, ora piores são 'defensivos' ... diz que não !
acabam com nossos passarinhos que comem insetos envenenados
menos passarinhos, mais insetos, mais venenos, mais lucros
sem falar nas santas abelhas, coitadas, se acabando
tudo por mais produção, mais izportassão, mais dinheiro,
menos qualidade e mais direitos de depredar
o 'meio ambiente' não considera favelas e imensos bairros pobres
casas sem cara e sem quintal em áreas insanas e inundáveis
onde não se recolhe o lixo nem se trata esgotos, excluídos
berçários e criatórios de indolentes e famigerados
estes lugares ganham os nomes mais bonitos
'meio ambiente' é só meio
onde tiver uma mata ou um rio razoável
pobreza, miséria, sujeira de pobre, não existem
depredação perene de florestas, que nenhum governo reduz
basta uma reportagem da record e umas três prisões ao vivo
em belém do pará vi em 73, em 87 e em 2024 pallets de mogno
arrumadinhos no porto com destino às europas. só eu que vi !!!
urbanização meia-sola, pouca civilidade e ordem social,
encostas, onde as prefeituras quase não têm ação
rios mortos, maus cheiros, pressas, doenças
maioria das ruas de buracos e caroços
sujeiras que ninguém quer ver
a zeliti hoje se 'isola' em condomínios de altos muros
'protegida' por 'seguranças' de baixos salários (!)
se não for pro povão, mais barato, é tudo 'gourmet'
produtos desqualificados em meigas embalagens
com prêmios em algum obscuro 'concurso'
e como tem concurso por aí !
café bom tá quase impossível aqui
sai a preço de ouro pras alemanhas e japões
só nos sobram uns trecos amargos,
espumantes, de cheiro e gosto ruins
mas de embalagens e nomes artísticos
com 'sabidos' vendendo artificiais elogios
ainda consigo uma bebida decente
amigos têm velhos cafezaizinhos
colhem maduro, secam no sol
torram e vendem na feira
e os produtos ''orgânicos' ? feios, sujos, raquíticos e caros
todos aprovados, legalizados, documentados e inspecionados
espertos estão tirando uma tonelada de cenoura em dois canteiros
dos 6 aos 12 anos cuidei da horta de casa
puxava balde no poço e muito regador
colhia gêneros bem mais viçosos
só na boa terra do quintal
melhor seria a moda do humanamente correto
mentir oficialmente é funcional, normal e legal
agora não é só o rei que está nú
. . .
hipócritamente correto:
gado, café, soja, míio, pinus e eucalípiu
ressecam nossa boa e bela terra
e engordam bandidos
a mídia ajuda
o 'agro' tem todo direito de arrasar o que resta
e exportar nossos minérios 'nos traz riquezas'
conta isso pra outro e vá catar coquinhos
mineradoras gringas e os dnpms nossos
são uma caixa preta fedida e violenta
falam de bilhões em receitas
ninguém expõe a exportação dos lucros
e quando a terra agonizar, a venderão pra nóis mêmo
carne boa, papel, bom café, soja para vacas bonitas
tudo do bom e do melhor vai para os gringos
a 'bancada ruralista' se lambuza
a verdade submerge
pelo resto do país, são os governos que mal se governam
curriolas revezando-se nas cadeiras, justiça conivente,
homens públicos agindo como mulheres públicas
facilidade com que aumentam suas vantagens
planejamentos míopes, efeitos ignorados
voraz e perene absorção da arrecadação
bolsas-migalhas eleitoreiras viciantes
juízes bem pagos, como se bastasse
e cães de guarda bem tratados
inflação-saque trivial
sempre tivemos grandes administradores
de verbas, cargos, benefícios e fundos de pensão
grandes projetos financiados oficialmente
contam como pujança e pogresso do país
sendo que são artimanhas e boquinhas
dos apadrinhados e espertos
a culpa pelo estado de coisas é sempre do governo anterior
falam com a turminha sorrindo e batendo palmas atrás
turminhas que mostram quem e como são ou somos
turminhas dos butecos, dus pogrâma di televisão
da imprensa sonsa e dos meus 'amigos' parasitas
que cooperam com o arrastar da nossa situação
amazônia ao deusdará, pretexto para esmolas estrangeiras
acompanho fotos de satélites desde o landsat 3, 1975
os ibamas 'não olham' o google earth de hoje
esqueceram de avisar a eles
sempre haverão marinas seduzidas, atrevidas e vendidas para justificar
de preferencia completas boçais ou não serão entendidas
só sabem dizer que vão fazer, desconhecem quase tudo
mas mantêm a turminha de puxa sacos aplaudindo atrás
linháis, essas turminhas funcionam no mundo todo
perderam a noção do excesso
não querem se ver de jeito nenhum
que importa a situação em que ficamos?
mostram trabalho regulando os outros
transgênicos sociais, só engordam o estado
fomentando migrações e a pior violência: a miséria
patriotas são só os 'motivados' e torcedores da selebrás
privilégios e benefícios bancados pela turma do meio
e que banca as 'benesses' que aqueles promovem
somos um cadastro de contribuintes e achacados
ditadura de estado que chamam de democracia
tudo deve passar pelas mãos deles
iniciativas puras 'são um perigo'
como operar mudanças num sistema viciado
se só sabemos reclamar entre nós?
e acostumar, por preguiça (?!)
não temos vergonha de não termos vergonha
logo aparecerá um nome pomposo pra covardia
numa ditadura as decisões são impostas na marra
nas nossas 'democracias' elas vêm com vaselina
e escolham vocês os nossos escolhidos !
jornalistas nunca se aprofundam nestas deturpações
aliás por seus vários confortáveis motivos, evitam
bem pagos, amaciam as informações oficiais
é amargo ouvir empolgados dizendo: "voto consciente", "transparência",
"regulamentação", "políticas de apoio", 'instituições democráticas',
"mecanismos eficientes", 'sociedade organizada', 'comunidades',
"passivo ambiental", 'cotas de carbono', "interesse social",
'produto artesanal', 'diet', ligth, direitos adquiridos,
'patrimônio do povo brasileiro', 'biodegradável',
'medidas efetivas', 'ajudas emergenciais',
'''''desenvolvimento sustentável'''''
'países em desenvolvimento',
'responsabilidade social',
'nossos colaboradores',
'combate à corrupção'
açoes 'diferenciadas',
'o petróleo é nosso!'
sustentabilidade,
'cofres públicos',
'justiça social',
'servidores'
'parceiros'
'inclusão'
'metas'
a civilização se justifica e se complica
abusos são direitos e vice-versa
o que evolui é a propaganda
e os nomes dos partidos políticos ?
religião, tirania, ambição e corrupção
heranças romano-ibérico-cristãs
aviltam nossa cultura
em toda capital uma igreja monumental
e grande estátua de cavalo com general
"fora do poder não há salvação"
golbery do colt, em 84
ou seja:
quaisquer ações, por mais perniciosas que sejam,
interesses excusos, com a anuência da justiça,
vista grossa conveniente do 'staff público'
autoridade exagerada da soldadesca
não é crime, é estado de direito
direitos humanos são os cassetetes
'governar' é o melhor negócio
. . .
nosso país:
projetos de sobra e folgados que fingem que trabalham
o 'pogresso' é a decadência travestida, ação que é bão, pouca
numa escola de bairro daqui
o capim cresceu, apareceu uma cobra
a diretora chamou a rádio pra denunciar
a palavra final foi da secretária de educação:
" ah, mas o homem que limpa está cumprindo licença ! "
a rádio encerrou dando por bem ter feito seu trabalho
a repórter estúpida e satisfeita nada mais perguntou
na voz mole e adocicada imaginei a perua perfumada
seus benefícios são maiores que as crianças
essas professoras não entendem ! !
e por que os pais também não fazem um mutirão e limpam ?
bom exemplo para as crianças e os folgados 'servidores'
só em poços, 7 mil (pode ser bem mais!)
noutra da zona rural, 4 ou 6 salas no máximo,
vi e contei 18, dé-zoi-to carros bons e novos
de foncionários, claro . . . merendeiros
numa segunda feira de manhã
morei 23 anos num velho prédio pequeno no flamengo
três vizinhas recebem 20 mil dólares de aposentadoria cada
uma do governo do estado, outra da pétobráis e outra da receita
uma me disse que nunca trabalhou na vida, só ia pra bater o ponto
'lavavam a alma' dando gordas ajudas à população de rua, só viciados
instituições e estatais nos asfixiam, cada dia maiores e 'corajosas'
irresponsáveis e vaidosas, são, antes, grandes corporações
"nossa economia é sólida", 'o povo sabe o que quer'
"vivemos numa legítima democracia"
dizem os coronéis oligarcas
e seus partidos sujos
'a justiça não pode existir onde a política domina.' ez
a impunidade fomenta a corrupção, da esplanada ao meu vizinho
privilegiados natos e de carreira
'malfeitos' e tramóias de alta rotatividade
a cada ano se esquece (eu não) das anteriores
aproveitadores sem escrúpulos, insolentes atrevidos
repórteres boçais com perguntas bobinhas e combinadas
oportunistas dando respostas sonsas e petulantes
sempre prometendo enérgicas ações
as incompetências camufladas
quando com um pobre coitado
eles não têm escrúpulos em apertá-lo
terminam a matéria com caras bem ensaiadas
de aprovação, de censura, 'que horror!' ou 'podem rir!'
jornalistas vendidos e tantos ingenuamente cooptados
não vejo um fazendo as perguntas necessárias
vendem opiniões convenientes e ardidas
num buffet diário de escândalos
também são servidores ... e como servem!
brinco de adivinhar suas palavras
todos ''''seguem''' na mesma enrolação
não sabem o que seria uma nação
...
cultura ora é só marketing - 'consuma-me ou te descarto'
nas redes, as revoluções evaporam em 2 dias
em selfies nas mesas de butecos
fora algumas licenças para bagunças
tantos afetados conclamando ação
ativistas incitando desocupados
ostentação de intenções
purga de fracassos
a constituição visa o fortalecimento do estado
raquitiza a nação e nosso esperado futuro
"a prefeitura engorda a gente" ouvi na feira
"o governo se atribui a exclusividade do roubo"
auguste de saint-hilaire, virtuoso, humilde,
culto e clarividente, aqui em 1822,
sobre o comércio de ouro
mas isso evoluiu também
. . .
faculdades genéricas, indignas e semi-inúteis
fabricantes e distribuidoras de canudos
vendedoras de sonhos-loteria
mananciais de desiludidos
mercadão da 'educação'
das boas, suas melhores crias
são laçadas e levadas pelos gringos
ou entram em 'carreiras de enrolação'
os que sobram mudam de atividade
o resto da vida tentando entender
porque vicejam tantos cursinhos hoje ???
ainda somos uma grande colônia de simplórios
ora multinacional; "êlis dá imprêgu pá nóis !"
não: eles alugam espaço, gente e recursos
sabem aproveitar o que temos de bom
nóis num priciza dizinvorvê mais nada
a modernidade nóis compra pronta
minério, mío i soja nóis izpórta
'entra' as diviza !'
... que usamos para comprar todos os insumos,
sementes e implementos que eles fabricam
aqui mesmo, pelo preço que querem
fora os brinquedinho ...
ainda sobra pás 'caminhonéti' ... intão tá bão !
drenagem perene, colonização evoluída
eles vêm com dinheiro tirado daqui
ganham incentivos oficiais
e exportam os lucros
i nóis báti parma !
a coca cola extrai nossa água do nosso subsolo
até de guarulhos, área densamente povoada
vende pra nóis mêmo, i pôe na garrafa:
"o melhor do brasil é o brasileiro" (água cristal)
atletas bombados e tatuados, modernas 'ativas', apressadas
desfilando por aí ostentando uma garrafinha na mão
parece que não têm água em casa
a alcoa vem, ganha energia elétrica do governo
esburaca a região, processa nosso minério
deixa um mar de lama cáustica
nos vende nosso alumínio
e cai fora
um eletrotécnico e uma técnica química
bastariam para produzir os lingotes
se tivéssemos instituições sérias
mundo-mercado, nações-fábricas
gente mansa e tantos 'sabidos'
legisladores afins
o lucro gordo, que sempre foi embora,
deixa os empreguinhos, os graças-a-deus,
uns trocados para projetos sociais e ambientais
dinheiro para relatórios e trocar computadores
sujeira, ruínas e os pixulecos nas mãos certas
as mesmas mãos que carimbam as 'licenças'
que dificilmente são dadas a nós, cidadãos
talvez, justamente, por sermos pobres
e fracos para satisfazer barnabés
"purque nóis atrai investimêntu iztérnu"
supra-sumo da inguinorânssa!
evoluir a NOSSA produção ... esquece
o estado e os carrapatões das universidades
demoram, criam empecilhos, complicam tudo
só querem embarcar nas possibilidades de sucesso
atrapalham e sufocam os mais puros em suas iniciativas
espelhinhos e brinquedinhos nos bastam
discursos enrolatórios nos orgulham
nóis num crésci, a genti inchamos
e ainda enaltecemos os espertos
"eu vi um homem que viu o mar!"
ser empreendedor brasileiro
é arriscado e até heróico
sujeito a antipatias
aqui mesmo
'num góstu di trabaiá pá patrão póbri ! '
. . .
'cidades sem alma, amontoados de gente'
p.
gente suja que tudo suja
infestadas de desocupados e vândalos
a 'natureza' aparece bonita na tv
os sentimentos nos filmes
isso basta e satisfaz
folgados e 'espertos' embarcam num 'coletivo'
e dão uma olhada, às pressas, nos lugares da moda
voltam elogiando os bacanas
sua limpeza, organização
e suas 'boas vidas'
só o que veem
apaixonados
depois, aqui
voltam a explorar
'seus colaboradores'
e mamar seus benefícios
arrotadores de moral
vivem nas costas dos outros
orgulhosos de suas espertezas
agentes afetados do continuísmo
amargam as belezas do mundo
tiram sua graça, os sem graça
e suas crianças já esquisitas
dá dó
pois só há irritação, insolência e deboches
com quem procura chão limpo pra pisar
se frequentam os centros de consumo
o melhor é buscar alguma paz onde não vão
nossa terra é acolhedora, nossa gente é do bem
encontre quem puder, fique quem souber
há gente boa aí, há que merecer achar
. . .
o que antes me irritava ora me interessa
e os inversos explicam bem também
tudo se aproveita e aproveito o que posso
como uma equação matemática que elimina as redundâncias
saber perguntar é o melhor saber, principalmente a nós mesmos
para poder aprender a ver de fato o que nos ensinaram 'oficialmente'
atentar, ver, entender e se 'vacinar' contra o que querem que acreditemos
conscientizarmos dos nossos direitos naturais
nossas faculdades, nossos sentidos e a vida que ganhamos
. . .
fiquei um dia no facebook
o que me bastou
não torço pra nenhum partido político
não bato palmas para 'simpáticos'
não frequento platéias
'na multidão, contra mão'
t j
e não me incomodam mais as críticas
de quem só sabe das coisas prontas
porque leram ou ouviram
nos sofás e nas tvs
e, principalmente,
de quem pouco alcança
e tenta diminuir os outros
. . .
o que fiz nas idades de produzir:
fui pro rio em 71 por gostar desde 1955, ia nas férias
em 65 andava sózinho entre ilha, ipanema e tijuca
vi os últimos tempos do rio de janeiro agradável
os bondes, a maresia ainda com cheiro bom
e o das amendoeiras no início do verão
bem poucas e pequenas favelas então
a rádio mundial que nos excitava
música da época bem inspirada
o feijão preto com carne sêca
bons butecos pra se comer
um bom pasquim pra ler
o sotaque das meninas
e suas roupas bonitas
a cidade mais maravilhosa
com as piores espécies
de ineficientes e enroladores
mas vi que era diferente naquele meio
tiveram escolas melhores que eu
mas criados dentro de casa
e na praia
pois, lá ouvi algumas vezes:
"gosto muito dessas coisa de natureza!"
e disputei espaço e chances com eles
demorei a assumir minha caipirice
que depois até me ajudou
ganhando bons salários, dignos na época
a vida me atropelou sem nenhum aviso
me enrosquei, tive que dar conta
das necessidades que criei
descartando sonhos
tive a sorte de conhecer e conviver com 3 bons amigos
wilson moura, carmelo luises e rodezir martins
me dispensaram atenção e sua experiência
foram verdadeiros irmãos mais velhos
informados e muito vividos
p... velhas do rio
sem eles nem sei como seria minha carreira
poderia ter sido sufocado e massacrado
por invejas, preconceitos e assédios
que sempre me foram intensos
eu sei o que passei
nunca me achei artista, mas técnico criterioso, apaixonado pelo ofício
uma profissão que é muito atraente, prestigiada . . . e de folgados
em 5 anos já podia rir dos 'sabidos' com décadas de prática
contemplador e preguiçoso, inventava meus métodos
pelo que passei por tanto despeito e chacotas
mas mudei alguns costumes
vendendo trabalho e dando interesse grátis
perdi a vontade de acreditar no que vejo
sei como mostrar, como se mostram,
e o que fazem pra se mostrar
não fui fotógrafo de capa de revista
(mas tive foto de página dupla na veja)
por necessidades básicas priorizei a rapidez
evoluindo pontos de vista, boas cores e nitidez
lamento não ter feito mais retratos
minha experiência em laboratório foi primordial
ampliava e analisava fotos de pessoas diferentes
maduro de ampliações, fotógrafo crú em 76
quando entrei na área imobiliária
e comecei a nadar sozinho
resumindo, o que fiz de útil:
saí de poços em 70
já sabia revelar em cores
1 ano em sp e ribeirão preto
de mochila desci no rio em 71
com 50 mangos que a mãe deu
(um prato de comida era 3,60)
havia o emprego que escolhesse
mafra, multicolor, meus mestrados
fui atrás de meus próprios trabalhos
pasta de fotos sob o braço, downtown,
em 75 já tinha bom laboratório próprio
sérgio dourado nos deu o maior impulso
aprendi a iluminar maquetes nesta época
então não precisava mais procurar clientes
nem fuji nem kodak: sou cria da agfa-gevaert
fui fotógrafo e colunista policial em jornal de sp
na verdade reescrevia os boletins de ocorrências
trabalhei na cozinha das notícias, vi os processos
'di menor', empolgado mas inseguro, fui demitido
sem mágoa, vi o que me ajudou aprender mais tarde
lá também fiz muito casamento, formaturas e festonas
fui piloto acrobata de colormat, varioscope e durst 1000
era fera nas ampliações, fiz muito trabalho pra medalhões
em 74 já sobrevoava o rio e o brasil com, pela e para a votec
fotografei muito avião e helicóptero de helicópteros e aviões
ampliei fotos de toda a obra da ponte rio-niterói para a ecex
registrei as sondas P3 e P5, as pioneiras da bacia de campos
mpm, standard, kastrup, mccann, jwt me deram trabalhinhos
em 73 fotografei tudo na fábrica nacional de motores, fênêmê
fiz laboratório pra jacques van de beuque e o marcel gautherot
fui amigo e provedor de ampliações de paula laclette, botânica
de 73 a 83 servi à 'pétobráis', terceirizado, e fotografando ossos
tudo que ela terceiriza e diz que faz, as realidades próprias deles
pude entender como que funciona seu lema "o petróleo é nosso"
vi luxos, buchos e caviares que ainda me revoltam, mas precisava
frequentava o 20º andar, entre outros eu fui algumas vezes ao 24º
no 3º escalão 'fui convidado' a doar uma moto: dei o capacete e saí
de 78 a 2002 ajudei 'seu' oscar niemeyer a apresentar seus projetos
suas observações claras me ajudavam a evoluir bons pontos de vista
de 75 a 2010 ajudei dez incorporadoras a vender milhares de imóveis
fotografei para as maiores empreiteiras e grandes escritórios de projeto
com fotos verticais ajudei numa dúzia de viadutos e dezenas de canais,
duplicação de estradas, urbanização de praças, de favelas, loteamentos,
centenas de kilômetros de "terra incógnita" para linhas de transmissão,
era no tempo do landsat 7, detalhes no chão só podiam ser adivinhados
complexos industriais, esportivos e penitenciários, terrenões, fazendas,
fiz até 500 km2 de área urbana em 1:2000, 150 km de valas em 1:500,
vielas para asfaltar, becos, questões de divisas, encostas ameaçadoras,
bacias assoreadas, vazamentos de esgoto, aterros/lixões clandestinos,
projetos de anel viário, novas avenidas-canal e planos de recuperação
de 91 a 2015 fiz fotos verticais pra quem sabia que eu fazia, ajudei na
rapidez dos projetos pela nitidez dos detalhes, evoluindo o que podia
estratégias de intervenção e técnicas de manejo se fizeram mais fácil
minhas hasselblads normal e superwide até esquentavam, heroínas
pedi autorização a famigerados para fotografar nos seus territórios
entrei de moto, só, no grotão da penha para concorrência de obras
de dt-180 novinha, subi as vielas, falei com os 'caras', e fotografei
um major pm, do serviço de inteligência, foi em casa e me pediu
uma palestra 'com máscara ninja'; eu disse pra ele ler os sertões
também fotografei em detalhes os presídios bangú 1 e bangú 3
de 81 a 83 inventei molduras auto-adesivas e montei a fábrica
no pé do morro do alemão, tive 15 escravos, 25 mil peças/mês,
inflação de figueiredo e dumping dos concorrentes, quase fui
em 78 ajudei nas exposições do 'programa nuclear brasileiro'
até almocei em churrascarias com os tecnocratas e coronéis
ria com eles pra não perder os gordos trabalhos que davam
e fotografei todas as frentes de itaipú para o relatório de 79
também montei uma boa exposição na barragem de furnas
fotografei 60 fazendas do tempo do império p/ um livro chic
comi frango em algumas antes de virarem pontos turísticos
fui 2x à escolinha do prof raimundo a serviço de um 'aluno'
fiz a produção e montagem de painéis no espaço lúcio costa
e claro, do espaço niemeyer também, trabalho inesquecível
os painéis duplos do memorial jk, descartando a manchete
e pro oscar fiz quatro exposições abrangentes de sua obra
fotografei e filmei o engenhão, da fundação à inauguração
quando vi que era um cineasta de terceira, só penso foto
participei de um mutirão voluntário p/ um orfanato novo
para o banco central: exposição eco 92 e a nota do gaúcho
fiz 70 painéis da exposição 'arquitetura de terra' no mam
festinha no oscar, despedida de uns arquitetos franceses,
me contrataram para registrar a pequena reunião, então
bebi com darcy ribeiro, vinho do melhor, o quase porre,
empatamos no falatório, de religiões às mulheres, claro
oscar com os franceses, de olho na gente, quase ciúmes
ele sempre pedia pra eu contar minhas viagens de moto
não dele, já recusei uma 'boca' no ministério da cultura
agradeci, vi que teria de usar coleira, ficar à disposição
no tempo do 'zé do mé', quando tinha muitos clientes
tempos em que secretários me agarravam pelo braço
governador me mandava emissários para 'furar a fila'
voei a região de presidente prudente pro incra 'lotear'
entre 86 e 91 trab... me diverti com o sérgio bernardes
por alguns anos fotografei os projetos do cláudio, filho
em 83 e 84 fotografei enduros em praias e montanhas
nas trilhas esperava os machões passarem e registrava
agora vejo, me divertia bem mais que os competidores
e aprendi o outro lado dos homens e as suas máquinas
quando caíam, perdiam: "_a moto não me agüentou !"
acompanhei as obras de 5 trechos e estações do metrô
de parati a campos perdi a conta dos vôos que fizemos
'inaugurei' o abastecimento do aeroporto de cabo frio
de 78 a 83 pratiquei pequenas esculturas em madeira
tive que parar pra não parar de remar, senão parava
fiz fotos aéreas para univ. harvard - landscape dept
(um jardim do burle marx na fazenda marambaia)
de 85 a 2015 vi muito lixão 'virar' 'aterro sanitário'
fotografei expansões e revitalizações de shoppings
reproduzi arte contemporânea para galerias tops
a pedido do oscar, fiz as bandeiras do parlatino,
fotografei p/ a coppe, lab hidrologia, ime, iplan,
dei uma aula na uerj sobre foto-interpretação
em 1994 abasteci de fotos o comitê rio 2004
colaborei 10 anos nos projetos do chacel,
20 anos c/ sérgio dias e ricardo amaral
comecei um livro com joaquim levy e
o escritório de burle marx em 2014
levei-o a almoçar no meu buteco
e dilma me levou o joaquim
então o mundo se me afastou
já não precisavam de mim
era a vez de outros
logo quando fotografava melhor
. . .
em 2015 foi pro lixo meu arquivo de cromos e negativos
em 2003 cheguei a oferecer para o arquivo da cidade
"não tinham recursos e pessoal para catalogar"
os filmes mofaram, salvei as digitais
de 2000 para cá enchi mais de 200 CDs e DVDs
e, em HDs externos ficaram 2,5 Tb
negativos e fotolitos do oscar, deixei na fundação
as fotos que fiz tiveram finalidades práticas e políticas
algumas refaria com melhores critérios
por merecimento de causa
outras (e foram tantas) eram feitas só pra inglês ver
muitos trabalhos foram para ilustrar projetos
que se sabia destinados a ser só projetos
para uns dizerem que realizariam
e garantir novas verbas
tenho vergonha ainda disso e certa raiva
fui um peão muito usado em altas partidas
participei de reuniões em grandes e altas mesas
via como os escrúpulos eram descartados
nas animosidades das inúteis criações
afetados e doidas com más idéias
e as debochadas risadas ... !
fiz eventualmente algumas fotos bonitas, pois naturais
nos translados a um objetivo, curtia singularidades
e exibia as que gostava aqui
mas o dinheiro vinha mesmo era das fotos feias
tragédias ambientais, favelas, lixo, erosões, assoreamentos
obras coloridas para o povão, catálogos de vendas, reproduções
de graça eram fotos de pedras ameaçadoras nas encostas,
fotos de poluição evidenciando causas, nós de trânsito
que eu flagrava enquanto voava para outros
e que não gostavam de receber
e trabalhos de estudantes, mas só para alguns
mauricinhos e patricinhas pagavam
achava muita coisa fácil, noutras nunca levei jeito
mas justificativas não explicam nem justificam
trabalhei pra mocinhos e bandidos
entreguei serviços medíocres
não podia escolher clientes
euieu pelos meus
"paulinho: vc vende um tempo que não te volta mais
por uma moeda que não corre nas tuas veias."
sérgio bernardes em 88, com vodka nacional na sua casa
com estrutura vulnerável, atrevido a missões 'brabas'
passei por muitas angústias, ansiedades e perigos
era movido pelo medo de ficar sem trabalho
são histórias que já tirei daqui
comprometem
vi de perto mais do que esperava, intimidades da profissão
fotografei muita gente trabalhando de me dar vergonha
e folgados sem vergonha que só fingiam trabalhar
esses, os que mais sabem e gostam de posar
nas suas coloridas realidades oficiais
sempre de jalecos novos
gosto mesmo é de lembrar os vôos
que fizemos pelas serras do rio
sei daquelas montanhas
depois ia de moto
...
cria de laboratório, custou mas montei um do melhor nível
químicos originais, papéis novos, importava meus filmes
consegui comprar uma colex 0 km de 105 cm 'de boca'
vi caras e satisfações que valiam mais que pagamento
ainda tento refinar a composição, o principal
quando laboratorista vi ótimas fotos
de amadores com instamatics
a técnica constrange a criatividade
mais hoje, digitalmente homogeneizada
pontos de vista deveriam ser estudados
em todos os seus parâmetros
já no ensino básico
de que adianta ter uma nikoltax fxd 700 mark III alpha b2 platinun-plus,
com uma super zoom 16~1600 aspherical-anastigmatic-catadioptric,
filtros nojentos, coletinho besta cheio de bolsos, marcas e marras
se o(a) 'ixpérrtu' (a) fica onde está e não 'rima' objeto e fundo ?
não entra nas cabeças que o que fica é a imagem
eles capricham é nas suas próprias poses
evoluem na imitação do que já viram
esquecem as pernas que andam
e o dia que tem suas luzes
pois, minha bronca e meus recalques
em dois ou três grandes clientes tive que aturar:
às vezes uns e umas, riquinhos, netinhos, protegidas de chefões
voltavam das férias com uma nikon pendurada no pescoço
'faziam-se' fotógrafos e simplesmente me espirravam
inventavam uns livros-brinde, folders, logos novas
às vezes até criavam um novo departamento
botavam muitos amiguinhos pra dentro
fretavam os helicópteros da alegria
montavam uma turminha cara
ridiculamente animadinhos
mas aos poucos se desmembravam
assim que cansavam, enjoavam ou
suas enrolações ficavam evidentes
os chefes me chamavam de volta
amargos desdéns, mas outros me supriam
hoje posso saber o que me ensinaram
. . .
pelos trabalhos vistos é que me achavam
consegui me manter nas pontas uns 25 anos
o que fiz ou deixei de fazer, fui eu mesmo que fiz ou não fiz
do meu bolso arrisquei, contratei, realizei, perdi, ganhei e doei
sempre envolvido nas expectativas dos outros
teria feito mais não fossem as pressas
que só atrasam a vida da gente
colegas com muito menos bagagem
chegaram bem mais longe que eu
patrocinados, garantidos
bons comerciantes
alguns faziam boas fotos
de um nível que nunca fiz
porque tinham mais tempo,
mais segurança, mais capricho
eu só corria
alguns vinham me 'visitar'
a vida é do tamanho exato
não faço questão de esquecer
o que eu não entendia, desconfiava
não sabia que já sabia
saudades de mim
. . .
a década de 80 foi de completa insegurança
mantive à força improváveis esperanças
trabalhei em condições de risco
dois filhos e o preço do pão subindo dia sim dia não
o 'bom' do sarney e seus planos ocos foi me forçar
a sair às visitas por novos clientes e trabalhos
"pra poder ver seus limites há que conhecê-los"
nietzsche
uma empresa carioca me abriu as portas da prefeitura
a prefeitura 'me entregou' às maiores empreiteiras
aquela só me encomendava, estas pagavam
mas logo passaram a me chamar
então virei a camera pro chão, fotos verticais
cheguei a incomodar empresas de aerofotogrametria
veio pau mandado pedir que eu deixasse de pegar trabalhos
e ganhasse um qualquer deles por fora; deu medo, mas não aceitei
outros, vários, me propuseram fidelidade para 'ganharmos muito juntos'
uns caras de pau, até hoje tenho a satisfação de não ter me deixado capturar
...
a década de 90 foi a de melhores ganhos; cresci, somei e distribuí
pois, em 99, insensato, me atolei num conflito de afetos
sacrifiquei o que tinha de bom, inconseqüente
no início endeusado por ser do meu jeito
logo execrado por continuar sendo
'todas as culpas me couberam' !
vida desconexa e pesada
sete anos febris de mel e fel
história cara, vivência sem preço
até hoje vejo como aprendi na vida
um final oportuno e providencial
a verdade veio à tona e a visão voltou
impossível esquecer
nisso
houve transições que não acompanhei
desconsiderei as evoluções tecnológicas
colegas se afundavam e eu os desmerecia
a fotografia digital melhorando a cada dia
e milhões de novos fotógrafos, alguns sérios
todo engenheiro já carregava um celular-camera
os clientes me esqueciam, o telefone emudecia
eu não queria acreditar no que acontecia
os 'malditos' drones, brincando,
já faziam bonito o que nunca consegui
procurei dominá-los sem jeito para joysticks
frequentei aeródromos de velhinhos e de riquinhos
e, como sói, vários quiseram me vender brinquedos usados
só poderia continuar ativo se contratasse alguns 'técnicos'
mas minha experiência com terceirizações era neurótica
além de fraco para investir em equipamentos e gente
não tinha mais paciência para tolerar moderninhos
ficar na obrigação de aturar envolvimento com
animadinhos, afetados e folgados (as, as, as)
conviver com espertinhos e puxa-sacos
nas suas simpatias bem treinadas
e produções demoradas
os que chegavam propondo voar muito alto
esnobavam conhecimentos do momento
embarcavam e eu tinha que servi-los
suas expectativas, meus riscos
financiei efervescências
criei corvas e cobros
quem virava noites pelos prazos ?
ou aprendia para fazer depois ?
meus talentos, meus defeitos
"todos reparam nas cachaças que bebo
mas ninguém vê os tombos que levo"
- cicinho, amigo de estrada
minha disposição definhava
logo vieram melhores ganhos
fui a maiores e mais altos vôos
como já prático
em perdas e recomeços,
me dediquei aos mosaicos
então tive 7 anos tranquilos
trabalhando sem qualquer ajuda
a não ser a boa câmara e um bom pc
abandonei no armário 70 mil dólares
em equipamentos 'de ponta', obsoletos
. . .
fotos aéreas:
acho que já tenho mais de mil horas de vôo só fotografando
vi selva, pantanal, vales, planaltos, praias e tantas serras
vivi situações de pane, perdi amigos para o chão
era conhecido por dar a proa de longe
diziam que tinha um gps na cabeça
é que sempre gostei de mapas
e,
como os mais graduados meteorologistas
às vezes acertava a previsão do tempo
. . .
'o empresário':
quem me dera ter sido só fotógrafo sem mais encrencas pra cuidar
entorpecido pela vida louca de trabalhos e dinheiro rápidos
não amadureci a consciência de dirigir uma empresa
tive que ouvir, 'di grátis', de clientes 'amigos':
_"o paulo não sabe ganhar dinheiro!" (chefetes de prefeituras)
e de ajudantes bem pagos: "_ o paulo não tem ambição!"
deficiências natas
a ida a uma obra longe era o bom passeio de moto e helicóptero
era muito valorizado, me dispensavam as melhores atenções
a produção da encomenda, o orgulho da técnica que evoluí
os trabalhos, tão inesperados, cada um com seu desafio
pude conhecer ambientes 'inacessíveis aos mortais'
eu gostava e tinha retornos além do merecido
nada me cansava, ora isso me espanta
a grana era distribuida a merecedores e tomadores
achava que o trabalho nunca acabaria
de 90 a 2015 paguei mais impostos do que gastei comigo
meus privilégios foram ter interessantes missões
direito, o de entregar 1/3 a um estado ingrato
muitas vezes antes de receber
ainda estou pendurado na receita
por algumas guias 'esquecidas'
por necessidades básicas
ainda acertarei
. . .
as mulheres:
melhor não comentar muito
raramente se abrem, mas abrem
seus sorrisos, a beleza maior da vida
mães do mundo, companhias fundamentais
seres fantásticos e principais
mas ora se importam mais com as diferenças
e menos com seus bons complementos
desvirtuam seus direitos e poder
querem ser depositárias de todas as virtudes
querem relevância de graça, na marra
se tivessem pensamentos liberais
seriam resolvidas e completas
sem ficar se ofendendo
ou forçando a barra
das que imitam homens 'espertos'
copiam o pior, as malandragens
daria pena se não desse nojo
entendo que dedicação e canalhice são comuns aos dois sexos
de femininas e masculinos a feministas e machistas
(não comento as opções desnaturadas)
já vi de perto, comigo e com outros:
incentivadoras e controladoras
producentes e depredadoras
agradáveis e insuportáveis
autênticas e dissimuladas
temperadas e confeitadas
as abusadas e as coitadas
inseguras e convencidas
boazinhas e espertinhas
potentes e dependentes
cativantes e sem graças
éticas e inescrupulosas,
puras e contaminadas
decididas e obsessivas
suculentas e aguadas
tinhosas e perigosas
serenas e obcecadas
elegantes e posudas
docinhas e ardidas
fortes e choronas
leais e ardilosas
sem predominâncias
tem as parceiras e as rivais
as modestas e as exacerbadas
tantas 'vistosas' e as magníficas
naturais lindas e artificiais forçadas
as que nos cegam e as que iluminam
as que lideram e as que só querem mandar
as que se dão bem com os homens
e as que juram que não precisam deles
pois, deixam saudades e alívios
se é feliz quando se faz o outro feliz
acredito em reciprocidade total
vejo madamos pedantes e perús pavoneados todo dia
novos costumes deturpam os relacionamentos
convencimento, arrogância, vícios, compromissos
com todos os excessos de hoje, pois
por segurança, é melhor não falar do óbvio
" já me deram muito afeto e mais seria supérfluo.
gosto das pessoas que me fazem amá-las,
. . . mas isso é mais difícil."
(perdi o autor, é um cientista)
...
ora, as 'mota', paixão e cachaça
aos 7 anos eu ia na padaria mais longe só pra ver, rodear e cheirar
as '10' motocicletas da cidade que lá paravam eventualmente
bsa, norton, jawa, royal, norman, matchless, ajs, ariel
e as lambrettas sem vergonhas
só em 79 comprei a primeira
e já rodei mais de 1 milhão de km
nas 12 motocicletas que tive para trabalhar
e quando podia, viajar ou comer peixe em arraial
eu me dava bem na areia, quando chegou a ténéré então ...
harley 125, rx 180, dt 180, dt 180 12v, xl 250, dt 180 87, xlx 350,
ténéré 600, xt 600, dr 650, marauder 800 por 23 anos e há 9, rd 135
fiz 2 viagens grandes e muitas menores
de rio-poços-rio, umas 100 (!?)
pros filhos dei uma mini panther, xl 125, nx 200, sahara 350, xt 600 e biz 125
Ciça hoje comprou uma ténéré 250 e uma royal interceptor 650
nóis gosta, anda e acha us lugar bunito !!!
presente da prefeitura e da odebrecht, numa manhã quente
deram o autódromo nélson piquet só pra marauder e eu
dei 1 volta, riscando pedaleiras no chão sem calombos
achando que na segunda cairia, parei e agradeci
as curvas é que me achavam, corri sem sentir
chão aderente, riscado de marcas de tombos
podia andar bem mais, mas resolvi parar
de bermuda e sandálias a 195 km/h
. . . ainda sobrava cabo
. . .
devo e sou grato,
à minha vó maria sabina de jesus pereira (1886-1975)
neta de 'bugre pega a laço', me ensinava aos 5 anos
alguns brinquedos que seus irmãos faziam
com isso desenvolvi habilidades básicas
que me ajudaram depois
então inventava os meus e mostrava
e evoluia, o que mais me valia
como valeu, e quanto
fiz foquetinhos que decolaram e um que explodiu
combustível de pólvora preta e goma arábica
pistolas e espingardinhas de verdade
ela contava coisas de pretos e índios
da sua gata que trazia jacarézinhos pros filhotes
das brincadeiras de bonecas de palha que procriavam
das onças que seu pai matava, das caixas de 'anchovinhas'
que ele trazia de brodowski na sua ida anual para trocar as colchas
eu já me chateava ver que a terra tinha sido depredada antes de eu nascer
à sua filha, minha mãe, guerreira engenhosa e vitoriosa, grande cozinheira
e meu pai bom e simpático, mudando de atividades na vida, como lhe foi
dos 10 aos 14 anos ele me ensinou a admirar e gostar de são paulo
com a mãe aprendi a perspicácia, a prática e a cozinhar
ela enchia a mesa de gente e comida caprichada
meu pai assobiava, no seu meio era o 'sabiá'
e rio mesmo, tinham boas graças
lembro deles com gosto
o lado bom
aos meus 3 filhos ativos
meus espelhos, minhas medalhas, minhas sementes
Marcos - uerj, ufop, ufla, unifal, professor e ora um cientista de saúde pública
Meia-fía Valéria, unifal e ufla, mãe de Pedro Paulo, Lis de Fátima e Ana Luz
Cecília - puc, ufla e ufla, hoje gerente de contratos de obras ambientais
Daiana - puc, genra, avalia pacientes que se submetem aos médicos
Paula - usp, unicamp, univ de lyon, professora, mãe de Theodoro
Miguel - meio-fío, alto cirurgião das nossas partes baixas
é por aqui que gosto de me avaliar
o que devo ao caráter, sensatez e gerência da Fátima
por eles me fiz precisar e ora tenho o gosto de ser gostado
com as ocasiões sublimes de me passar a limpo com os netos
. . .
tenho uma dívida inestimável com luiz carlos de oliveira e silva,
que, de 2006 a 2015, no castelinho e depois em sua casa,
explicou os grandes pensadores e seus conceitos
com vinhos, biscoitinhos e agradinhos
que as coleguinhas levavam
devo aos professores: maria enir (em 1 mês li e escrevi), tio hominho-pai II,
tia luzia-mãe II, tia maria faladeira, ti-dé, deles todos as maiores saudades
e
eunice frizon, nicola romano, irmão gregório, nadir gavião, dick welton, lê,
carmelo luíses, manuel san martin (manolo), lúcia monteiro, sérgio klein,
lula e guilherme (leco) campello, elias meu compadre, cândido botafogo,
padre jayme sullivan, homem que mereceu os meus sinceros respeitos,
carlos moscovitch, nélson osanai irmão, joaquim schultz, anita fiszon,
ronaldo bittencourt e ivaldo gropello-cbpo, élmio e clóvis da ag,
cecília castro, eduardo baron, márcio manela, regina kriegel,
sérgio bernardes, o arquiteto e sérgio bernardo, o violinista
mariano jacon, oscar niemeyer, yedo cavalcanti (dr iodo),
josé portinari leão, joão niemeyer, mozart, adeline,
paulinho césar, sílvio, anne lore, paula laclette,
sérgio costa, sérgio magalhães, engenheiros,
ernesto michelin, carl hilmer, um querido,
cláudio poubel, célio e henrique da sap,
monique cabral e monique brandão,
flávio wasnievisky, pedro cortes,
ronaldo câmara, mauro esteves,
walter zollinger, afonso falcão,
luis melodia; cantamos juntos,
fernando tasso fragoso pires,
francisco ney, edilson rocha,
os especiais marcão e cézão
6são, maria d'alva e divina,
azunción, graça, vera luz,
cláudia, júlia, yvna, neusa, rita, ...
padre zézinho, miudinho,
na marcenaria em 1961,
deivison e ed wilson,
joão pedro, toni,
beatriz salles,
fritz meyer
deles ainda pego emprestado
tiveram paciência comigo, me aturaram e me alçaram
tenho um pouco de cada um e muito de todos
agradeço aos que não me engoliram
ainda ajudam, referências úteis
pois, também fui um chato
devo muito aos funcionários, bons parceiros e amigos:
ana, heleno, gilson (um filho!), sandra e cristiane (ótimas), lena e geninha
mais os 20 que passaram pela fábrica e não me lembro mais
com vontade, me ajudaram de verdade com bom humor
se ainda der tempo, vou poder retribuir
e aos autores que li e não vou citar
pra não faltar com nenhum nem ser 'classificado'
agora em poços tive a sorte de conhecer maria inês e joãozinho, a padeira glória,
o velho dos livros velhos da jaçanã dos santos, pompeu, jamil, seu antônio,
bin laden, todos da mina do cambará, o beca vivido (já foi), lucas, jair,
zé brechó da palha, djé, 80% surdo, meigo e feliz, eu grito com ele,
o queijeiro e a esposa bonita de caldas que estudou psicologia,
jéssica meiga com seus 3 pedros e tantos gatos (um é pedro)
o juiz federal aposentado que me pede chamá-lo de você,
eliane e joão, bons como suas bananas, ovos, café e leite,
nei, maria rita e o zé de santaninha, pedro balaieiro,
panamá, lembra meu pai, contador de piadas,
nilo e lucas, os amigos mecânicos de moto
bodinho de laranjeiras, muito viajado
torresmo, chiclete de onça, dé,
geléia, mingau e pudim,
chico motosserra,
tião baixaria,
gardenal,
verola
nós sabemos rir gostoso
e, não resisto lembrar até para advertir:
se há quem nos sirva de exemplo, outros de lição:
"a terra está coberta de gente que não vale o que diz."
voltaire
"a alegria alheia os incomoda" rita lee, a gênia
pessoas 'sérias' e 'sabidas', amargas e invejosas
nunca perguntam, têm certezas de tudo
zero dúvidas . . . vá duvidar !
suas afirmações são 'verdadeiras verdades'
se sabemos um pouco sobre uma coisa
logo dão um jeito de complicar
pedimos clareza, emburram
insistimos, explodem
a pergunta 'porquê?' é a sua kriptonita
conversas livres os deixam inseguros
dissimulados, têm pavor do óbvio
'donos da verdade', mas tensos: "porque tá escrito!"
pífios argumentos a que chamam de raciocínios
incapazes de conseguir um ponto de vista
outros doutores em intrigas e difamações
envenenam as informações
acostumados a mentir, as memórias apodrecem
'esquecem' hoje o que aprontaram ontem
vozes macias dos inescrupulosos
muito religiosos, os mais perigosos
forçam suas crenças
fingem que não fingem
vivem repetindo que são felizes
o diabo é que gosta do que fazem
em nome de deus e do amor
e como falam em amor !
a mãe dizia: "têm coragem!"
que alguém os perdoe por mim
'nem sabem o que fazem'
mas sabem sim
fugir deles é a melhor opção
tem coisas que lembro muito depois
" eu até deixo você me fazer de bobo, mas vamos combinar antes ! "
- ouvi de um mestre de obras a um peão, com toda graça
. . .
minhas pequenas, grandes e tantas vergonhas:
dos quantos nãos que não disse quando mais precisava
minha boca, minha chatice, eloquências e gracinhas
de não ter presença imediata para respostas
de ter perdido as ocasiões de ficar quieto
de ter tido vergonha quando não devia
dos agrados a quem não merecia
de não ter feito melhores fotos
ter sido trouxa tantas vezes
todas as burradas que fiz
ora bobo, ora besta
meus orgulhos e satisfações:
como consegui sobreviver meus primeiros anos no rio
ser bem recebido nos vários lugares que freqüento
ter dado 5 casas de presente, com gosto
de morar com a ex em paz e graça
de poder e saber reaprender
. . .
voltando aos bons sabores do trabalho:
devo a eficiência que pude ter à agfa, fuji, kodak (c/reservas), às queridas minoltas,
fujicas 6x9 65 e 90 mm, hasselblad 501 cm e superwide 903, linhof technika 4x5",
rollei 35, rolleiflex, noblex, colormat, varioscope, majosix, variomat,
schneider, rodenstock, zeiss tessares, sonnares e planares,
mecablitz, vivitar, lunasix, gitzo, time-o-lite, durst 1000,
colex, garmin, sony e às ótimas canons digitais
mais:
intel, microsoft, adobe, wikipedia, eart view, google e google earth
bell 47 e 206, hughes 300 e 500, esquilo b2, robinson 22, 44, 66,
cessna 172, skylane e os outros em que voei só uma vez
suzuki, yamaha, fiat, ray ban, 'vitorinokia'
ferramentas de talento, usei com gosto
e curti o quanto e enquanto pude:
phillips, teac, thorens, shure, harman kardon, bravox, lando
de 75 a 2011 juntei mais de 10 metros de LPs lado a lado
antigos e modernos, canções, solos e orquestras
tudo tranquilamente saqueado na casa da mãe
que as 'queridas' 4 irmãs sacrificaram
mal e porcamente
hoje, sem aquela qualidade de antes, mas ainda
fragmentos de músicas ouvidas ou lembradas
remetem a outros momentos da vida
vou ao google e youtube e as encontro completas
procuro as traduções, versões, meus direitos
lembro dias longes e como estava então
as memórias estão lá me esperando
pois até pra chorar é bom
o que não tinha tempo pra curtir
mais o que me esnobaram
agora à vontade
. . .
hoje
dou boa vida a um gato bonito, cor de pulga, olho azul, brincalhão e amigão
e a uma gata linda, sofisticada e exigente, que resolveram morar aqui
ele, um animal ninja, não tem medo de cão nenhum; é um onço
ela não suporta vê-lo brincando, logo cria caso, como sói
mais o vilão e a intrusa que vêm pegar seus restinhos
com a briga diária pra ninguém perder a forma
pelos pêlos que voam se vê quem apanhou
quando ouço encrenca, interfiro
e tome água, vilão !
a cada dia nos entendemos mais e nos agradamos
não sabia que se podia gostar tanto deste bicho
treinadores dos nossos sentidos nos seus vários modos de miar
o jeito caprichoso de andar de atentar, pedir e olhar
consigo antecipar seus atos e eles os meus
aqui também
tem os tantos passarinhos que vêm lanchar
chegam bem cedo, o 'buffet' já abastecido
já contei 19 espécies, 5 só de beija-flor
um beija-flor miudinho, fala bem-te-vês (!)
bebe seu chazinho, senta no poleirinho
e fica resmungando baixinho ½ hora
me deixa chegar a ½ metro
e
se chegam os bem-te-vis escandalosos
ele os imita, discreto, rouquinho
... é de arrepiar !
ainda 'cuido' de umas plantas, dou sorte com os gerânios
e as belezinhas que brotam na terra que trago do mato
tenho um jequitibá menino, esperando o chão certo
. . .
"country roads, take me home"
jd
não gosto de andar pela vila em que cresci
ora são outras gentes, não me acho ali
além do terreno que não deu certo
evito sempre, dou volta
com quem eu queria conversar já não está por lá
quando posso, quero e o tempo tá bom
vou aos 'sertões' desta região exuberante
conhecendo lugares que na infância ouvi falar
motor 2t, o som e as fumaças gostosos da motocicleta
as estradas são de todos, os caminhos de quem acha
fujo de asfalto, vacas, cachorros, chuva e tombos
marco uns tocos pra cavucar um dia, paro fácil
ipês, raízes de cajaranas, jacarandás, perovas
panho goiaba, casco laranja, xêro fôia
acho água nas sombras, sento
ouvindo o lugar, de longe
absorvendo silêncios
me torro no sol
em espaços verdes
e bafos de terra fresca
'dias grandes, azuis e brancos'
gr
nos caminhos, roceiros(as) tranquilos
prontos a uma boa conversa
e com o que dizer
sem pressa
quase todos nasceram onde vivem
e já foram ao menos uma vez à 'pricidnórt'
a meca da pobreza explorada, crente e disposta
"_ bão cê chegá, tava pensânu uma coisa pá ti falá!"
isso vale a pena
"qué qui eu faço um armocinho procê? "
ainda não consigo aceitar
sorrisões, comidinhas e comidonas
rosquinhas e quitandas de velhinhas muito espertas
doces, linguiça frita e queijos frescos da casa
ótimos cantos pra se sentar e ficar
pinga e café de verdade
nas cozinhas, onde as melhores recepções
levo pão e às vezes uns bifes, raros por lá
quando não acho uns restos, fazemos
fora os bichos que admiramos ... e comemos
lambuzados de paz em ambientes relíquias
fraternas comunhões no sol ou à sombra
ouvindo galos músicos e regos d'água
as caras das crianças me deixam seguro
os cachorros me fazem festa e colam
também levo carninha e ração
meninos de 6 anos já têm sua roça de feijão
as meninas já fazem seus planos de família
lá me tratam como super-herói
pois morei no rio de janeiro
'_é muita coragem ! '
aparecem visitas
nos interessamos
degusto seus 'causos'
minhas velhas piadas
até parecem novas aqui
caipiras cheirosas, saudáveis, vigorosas, dá gosto de ver
ativas e 'orgânicas', desbancam qualquer feminista
não precisam provar nada com caras de sabidas
não se vê poses, só as posturas espontâneas
não exigem atenção pois não precisam
corretas, não ficam se afirmando
conversas na intensidade certa
perguntas deliciosas e puras
caras sérias que encantam
e sorrisos de toda graça
"... o rir um pouco rouco, não forte, mas abrindo franqueza quase de homem,
sem perder o quente colorido, qual, que é do riso de mulher muito mulher,
que não se separa da pessoa, antes parece chamar tudo pra dentro de si."
gr, o insuperável
lá não se ouve as risadas altas, ardidas e forçadas
fêmeas seguras, simples, sem encrencas
é fácil se apaixonar ...
o que a gente fala tem boa volta e o que se ouve se aproveita
nada de olhares tortos, caras duras, conversas invasivas
ainda não vi perturbadas nem 'tarjas-pretas'
e nenhuma velha emburrada
umas manuelas sacudidas que me deixam sem jeito
uma rafaela que chega suave na sua égua 'catita'
uma vanessa que pastoreia de moto
uma thaís que pilota tratorzão;
ara, planta e faz frete
os homens chegam tranquilos
trazem e dividem paz
rústicos e bons
nos respeitos
nas cozinhas, onde as melhores recepções
quando não pego uns restos, fazemos
o difícil é sair, sempre um café a mais
fico com inveja destas vidas simples
saudades plantadas, volto carregado de ecos:
. . . 'num demora não!' . . . ' vem pá posá ! '
não fotografo estes rostos, estragaria, só lembro
não tenho a soberba dos medalhões arrogantes
nem a cara de pau dos photo-marketeiros
que faturam registrando a miséria
dando uns bonés e camisetas
. . .
na feira de sábado, 'via sacra'
me esperam pra conversar
e gordos convites
paro com os velhinhos tímidos e mulheres bem dispostas
são de um mundo de menos regras, do chão bom
outro dia, quis saber de um carreiro aposentado
que viveu, trabalhou e pensa só em léguas
"tem légua das grandi i das piquena"
magro, 92 anos, lúcido
o que perguntei:
_ qual era a velocidade de um carro de boi,
quanto o senhor andava num dia de viagem ?
ele parou, olhou pro chão, pra mim ... e disse mansinho:
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